08/04/2009 - DIEESE d� dicas e informa��es a sindicalistas de Mato Grosso do Sul
 
Durante palestra em Campo Grande, t�cnico do DIEESE afirmou a sindicalistas do Estado que para enfrentar a crise internacional a melhor sa�da para as empresas � aumentar sal�rios. Ele deu dicas e informa��es aos sindicatos.
 

Midiamax Not�cias - Para enfrentar a crise internacional a melhor sa�da � aumentar sal�rios e fazer a li��o de casa, diz o especialista, t�cnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estat�sticas e Estudos Socioecon�micos), Jos� �lvaro Cardoso. Em Campo Grande, onde fez palestra �s entidades ligadas � CUT (Central �nica dos Trabalhadores) como a Fecom�rcio (Federa��o do Com�rcio de Mato Grosso do Sul) diz que o poder de compra do brasileiro � a arma poderosa na guerra contra a recess�o que atinge pa�ses ricos.

Um dia antes do Brasil anunciar o hist�rico empr�stimo ao FMI (Fundo Monet�rio Internacional), o que o presidente Luiz In�cio Lula da Silva considerou uma �vit�ria�, o t�cnico do Dieese falou com exclusividade ao Midiamax.

Leia a entrevista abaixo:

Midiamax � At� que ponto a crise internacional pode causar preju�zos aos empregadores e trabalhadores brasileiros?

Jos� �lvaro Cardoso � � uma crise grave que essa gera��o de sindicalistas nunca viu. � poss�vel que seja pior que a de 1929 (*). Mas, ela tem uma novidade. Pela primeira vez o Estado brasileiro n�o quebra. O governo brasileiro � parte da solu��o injetando cr�dito na economia, ajudando empresas sem liquidez.

Midiamax � Com recursos p�blicos...

Jos� �lvaro Cardoso � O governo tem aparatos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social], CEF [Caixa Econ�mica Federal], Banco do Brasil. Um arsenal que a maioria dos pa�ses ricos n�o disp�e. O BNDES tem mais recursos que o Banco Mundial. O Brasil enfrenta com certa dignidade a crise sem ficar insolvente. A exporta��o sobre o PIB (Produto Interno Bruto) foi de apenas 14% em 2008.

Midiamax � Com o consumo interno o Pa�s se garante � isso que o senhor quer dizer?

Jos� �lvaro Cardoso - Sim. A economia brasileira teve crescimento nos �ltimos anos e isso se deu com base no mercado interno. Vinte milh�es de brasileiros passaram de pobre para classe m�dia nos �ltimos anos, segundo a FGV (Funda��o Get�lio Vargas). Um outro aspecto � que a d�vida p�blica do Brasil est� sob controle. Antes, com a crise, a primeira coisa que explodia era a d�vida. Hoje, a d�vida corresponde a 35% do PIB e est� facilmente controlada. A d�vida p�blica foi desdolarizada, ou seja, n�o aumenta conforme a moeda nacional desvaloriza. O sistema banc�rio brasileiro est� saud�vel, n�o entrou no processo de especula��o, n�o h� envolvimento com o setor imobili�rio dos Estados Unidos que � o olho do furac�o. N�o existe economia sem cr�dito.

Midiamax � Se o presidente fosse o Fernando Henrique Cardoso, qual seria o cen�rio?

Jos� �lvaro Cardoso � N�o h� como comparar e h� toda uma pol�tica que eu prefiro n�o falar.

Midiamax � Mas, o atual governo tem mantido o controle...

Jos� �lvaro Cardoso � Esse governo tem o controle da d�vida externa. Ela n�o � problema. Hoje, temos mais reservas que d�vidas internas que est�o em US$ 70 bilh�es. Temos US$ 200 bilh�es de reserva.

Midiamax � H� um cen�rio de muita dificuldade desenhado tanto por empres�rios como por prefeituras e governo do Estado por conta da crise. N�o h� uma predisposi��o em discutir reajuste salarial porque consideram o momento de dificuldade. Como fica isso?

Jos� �lvaro Cardoso � Bom...o aumento do sal�rio m�nimo faz parte de um acordo entre o governo e as centrais sindicais. Conforme o crescimento do PIB aumenta o sal�rio. Esse acordo foi firmado em 2006 e come�ou a valer em 2007 e vai at� 2010. O sal�rio m�nimo � corrigido conforme infla��o e o crescimento de dois anos anteriores.

Midiamax � Uma forma de melhorar a renda do brasileiro j� que a maioria � assalariado...

Jos� �lvaro Cardoso � Um mecanismo importante para distribuir a renda. Beneficia quem recebe e tamb�m quem ganha um pouco a mais que o m�nimo porque o aumento salarial dele leva em considera��o o sal�rio m�nimo.

Midiamax � Mas como isso reflete nas negocia��es salariais?

Jos� �lvaro Cardoso � A principal mensagem para todos � que o grande trunfo do Brasil para enfrentar a crise com dignidade � retomar o crescimento at� 2010 garantindo desenvolvimento. N�o � momento de arrochar sal�rio e impor perdas ao mercado de consumo. O Brasil teve um crescimento nos �ltimos cinco anos gra�as ao mercado interno. O momento � de preservar o poder de compra. Isso que vai nos garantir num mundo de recess�o preservarmos nossa galinha dos ovos de ouro.

Midiamax � Mas, se empregadores e a m�quina estatal alegam n�o ter condi��es para dar reajustes o que as entidades sindicais devem fazer?

Jos� �lvaro Cardoso � Primeiro, os trabalhadores usarem dados concretos. Temos uma previs�o de crescimento esse ano de 0,5%. Uma previs�o rid�cula. Crescemos 10% no ano passado. Se na recess�o crescermos de 0,5% a 1% j� � bom. Paramos de crescer nos �ltimos seis meses realmente, mas em mar�o j� retomamos o crescimento com 100 mil empregos talvez. Tem que lembrar que de 2006 at� 2008 as empresas faturaram, tiveram um faturamento que foi fant�stico. Tem que tocar o barco para frente. N�o est� escrito nas estrelas que vamos crescer 0,5%. N�o podemos matar sal�rios porque dependemos dos sal�rios. N�o podemos cair nessa conversa de que as empresas est�o quebrando.

Midiamax � Mas, e essa propaga��o de que o sistema p�blico est� em alerta porque teve queda de receita?

Jos� �lvaro Cardoso � A queda da receita ou desacelera��o aconteceu realmente. Uma forma de combater isso � assegurar o crescimento do sal�rio. Dezembro e janeiro foram os meses piores. O momento � de manter o mercado interno, de uni�o, injetando liquidez, aumentando sal�rios.

Midiamax � Para fazer circular a moeda, as pol�ticas emerg�ncias do governo federal acabam por vir em boa hora neste racioc�nio...

Jos� �lvaro Cardoso � As pol�ticas sociais, de seguridade social, seguro desemprego. A Bolsa Fam�lia atende hoje 44 milh�es de pessoas, 12 milh�es de fam�lias e a Seguridade Social 80 milh�es de pessoas.